quinta-feira, março 17

Para a ZH, política pública sobre drogas é "criação de CCs"

Na página inicial do portal, eram anunciados 34 novos cargos em comissão (CCs). No corpo da matéria, estava o fato: a aprovação pela Assembléia Legislativa de importantes projetos, capazes de alçar o Rio Grande do Sul a um novo e necessário patamar de desenvolvimento econômico e social.

Na página inicial, projeto de combate à drogadição vira "34 CCs".

Quem entrava no Portal ClicRBS se deparava com um frontal atentado ao que se pode considerar jornalismo. A la Xirica, esquartejador que assombrou Santana do Livramento no fim dos anos 1990, o site de notícias mais acessado por aqui transformou importantes projetos, aprovados pelo conjunto de deputados gaúchos, em um gasto com 34 cargos comissionados. Já difamados pela imprensa, tais cargos são vistos como cabides políticos, odiados, e todo o governo que faça uso dessa possibilidade é taxado como politiqueiro, antieconômico e nocivo à população. Sabendo dessa visão, e usando-se do senso comum, a ZH/RBS reduziu às cifras o primeiro passo para uma política pública de combate à drogadição. Resquícios talvez do serviço prestado a um pensamento político voltado ao déficit zero, e investimento social igualmente nulo.

Há poucos dias, o blog Cloaca News destacou a maneira utilizada pela RBS para que suas chamadas coubessem na página inicial on-line do Jornal Zero Hora. Na ocasião, os 'jornalistas' afirmavam que uma menina não seria amputada (de onde?). Agora, além de tratar uma notícia quente, de grande relevância, como calhau, a poderosa da mídia gaúcha ainda consegue desvirtuar o trabalho que vem sendo feito pela Assembléia. E, vejam, não se ignora apenas o trabalho do atual Governo do Estado, mas de todos deputados que estiveram na Assembléia, até aproximadamente 3 da manhã, apreciando e aprovando importantes ações.

O pacote apresentado hoje é composto por 29 projetos, e a votação continua na terça-feira (22). Sob a aba dos cargos comissionados, a Zero Hora incluiu o Sistema Estadual de Políticas Públicas sobre Drogas (Seppeb), a ampliação das ações do CDES - Conselhão e, ao meu ver o mais importante dos projetos, a redução da burocracia para que micro e pequenas empresas participem de licitações públicas na esfera estadual. Além do impacto financeiro, já que alguns projetos trazem custo anual de até R$ 2 milhão, as ações são de total interesse da população gaúcha.

Por enquanto, vemos fatos importantes sendo escamoteados. Em breve, não há dúvidas que começarão as cobranças e a forte campanha tradicionalmente feita contra os governos de esquerda pela RBS. E aí sim, não serão poupados espaços na página de abertura, seja na internet ou na versão impressa.

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