sexta-feira, dezembro 3

Pedro Ernesto, segue no rádio, tá?

Com certo entusiasmo, fui assistir à estréia do Pedro Ernesto Entrevista, novo programa do folclórico comunicador gaúcho Pedro Ernesto Denardin (TVCom, quintas-feiras às 23h30). A proposta é apresentar um perfil do entrevistado, em um cenário que lembra Jô Soares em tempos de crise - sem platéia, sem assistente de palco e sem banda, mas com caricaturista. Para o debut, o convidado escolhido foi Nelson Sirotsky, presidente do Grupo RBS, do qual faz parte a TVCom.

Foi com sofrimento que eu assisti os 30 minutos de programa. Sempre gostei muito do trabalho de Pedro Ernesto, acho um profissional extremamente irreverente e que costuma conseguir prender a atenção. Demonstrou, porém, que não está acostumado com a linguagem da TV, e não tem tino - ou leitura técnica - para conduzir um talk show nesse suporte. A limitação de conteúdo ficou evidente, por exemplo, mas referências utilizadas pelo apresentador: diferente dos costumeiros autores ou até mesmo personalidades de alcance nacional e produção (re)conhecida, Denardin limitou-se a usar como única referência externa, no programa inteiro, o nome de Paulo Sant'anna, outro folclórico da RBS. Por respeito ao chefe-entrevistado ou inexperiência, os comentários após as perguntas limitavam-se a 'uhun' e 'que bom', em uma concordância sem fim, que em nada lembra as instigantes provocações habituais nessas entrevistas.

O ápice dessa meia-hora foi quando o apresentador questionou Sirotsky sobre política. Inicialmente, comentaram sobre as frequentes acusações da oposição do Grupo RBS ao PT, ao qual o entrevistado respondeu com um ato-falho - genial, por sinal -, dizendo que "em certos momentos a RBS fez oposição fortíssima ao PT e seus governantes, e em outros criticou fortemente o PT e seus governantes". Percebendo o erro, Nelson Sirotsky rapidamente corrigiu-se e defendeu o apartidarismo da empresa. Na mesma linha, Denardin perguntou sobre a opinião do homem forte da Associação Nacional de Jornais e da RBS sobre a tão falada Liberdade de Imprensa: em uma resposta evasiva, fugindo de polêmicas, disse o que todos dizem, defendendo a importância do acesso à informação e do modo como ele valoriza esse direito e rechaça qualquer tentativa de cerceamento. Ao fim da resposta, ouviu-se do apresentador um profundo e reflexivo "que bom".

Ao fim, um lindo momento de amor à empresa: um clipe, provavelmente feito às pressas pela produção do programa, com o tema de final de ano do Grupo RBS, a música Vida. As imagens, profundamente didáticas, eram trocadas a cada expressão contida na letra, em uma cena que me lembrou meus primeiros vídeos no Movie Maker.

3 comentários:

  1. Diante de tamanho veneno, só posso reduzir meu comentário em uma palavra: RECALCADO!!! Se a crítica não puder ser construtiva, que nem seja. Se te consideras uma sumidade, poderias fazer o programa...

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  2. Só não tira críticas construtivas do que eu escrevi quem não quer. Até onde eu sei, é facultado ao espectador emitir opinião sobre o produto ao que é exposto. Aquela história de "muda de canal de não gostou" é uma piada de tremendo mau gosto, porque assim surgem monstrinhos que acham que estão ocupando bem a grade televisiva, uma concessão pública.
    Quanto a ocupar o lugar de Pedro Ernesto? Não, não me meto a fazer o que não sei, e muita gente deveria fazer o mesmo. Como eu falei no post, admiro e muito o trabalho de Denardin, mas limite-se ao que ele sabe fazer.

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  3. Ah, sim, agora o certo é ser telespectador passivo, isento de opinião?

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