quinta-feira, novembro 4

O real mapa eleitoral brasileiro e a verdadeira polarização (II)

Leia aqui a primeira parte deste post.
O sistema eleitoral colegiado e o voto direto

Em países como os Estados Unidos, é possível que a eleição seja ganha pelo candidato com número menor de votos, fato que já ocorreu 4 vezes (1825, 1877, 1889 e 2000). Na última, Al Gore perdeu para George W. Bush mesmo tendo feito 543 mil votos a mais do que o republicano Bush. Isso ocorreu porque o mais desastrado presidente da História dos EUA ganhou em estados com grande importância no Colégio Eleitoral, e levou todos os votos dos delegados daqueles estados.

No Brasil, é possível que um presidente seja eleito ganhando apenas no Acre, sabe como? Suponhamos que todos os estados do país, mais o Distrito Federal, com exceção do Acre, dessem a vitória para José Serra por apenas 1 voto. No sistema eleitoral americano, José Serra teria a eleição ganha, independente do resultado do Acre, pois contaria com a quase totalidade dos delegados.  Entretanto, no sistema eleitoral brasileiro José Serra poderia perder se a vantagem de Dilma Rousseff no Acre fosse de apenas 27 votos ou mais. A melhor parte disso tudo é que, ainda assim, a vitória seria legítima e incontestável, pois a maioria dos brasileiros teria elegido Dilma. No Brasil, o voto de cada brasileiro e cada brasileira tem exatamente o mesmo peso, não interessando se ele é branco, negro, pardo, se é alfabetizado ou não, se possui terras ou não, se seus filhos são bonitos, ou se ele tem filhos, enfim, nada impede um cidadão brasileiro de exercer sua cidadania.

Assim, pouco importa em quais estados foram as vitórias de José Serra, seu nível de acesso cultural, ou de alfabetização. Se quiséssemos entrar nesse debate, ele só seria válido se expusesse as entranhas dos fatores históricos que levaram à condição de cada região hoje. Além disso, Dilma teve vantagem superior a 20% em 10 dos 16 estados em que ganhou, mais de um terço do país. José Serra atingiu a marca dos 60% em apenas dois estados, ironicamente localizados na região norte do país: Acre e Roraima.
Em 4 estados, a vitória do candidato tucano foi apertada, com vantagem inferior a 2% dos votos: Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Mato Grosso e Goiás. No sistema de colégio eleitoral, provavelmente estes estados contariam com um grande número de delegados por sua representatividade econômica, e todos seriam de José Serra. No sistema de voto direto, porém, quase metade dos eleitores desses estados teve sua escolha respeitada e contabilizada.


Nem mesmo baseando-se no que apresenta o mapa podemos dizer que o Brasil está dividido. A vitória de Dilma só esteve distante em dois estados do país, e levemente difícil em outros 3. Nos 21 demais e no Distrito Federal, Dilma ganhou com folga, ou esteve muito próxima da vitória.


Parte III: O alcance da imprensa e seus reflexos

2 comentários:

  1. Dois posts para resumidamente dizer o óbvio, que Dilma ganhou por ter conquistado maioria de votos e que esse é o modelo de eleições no Brasil? Comecei a ler acreditando que tu irias justificar os comentários de todos os periódicos de direita que explicitaram que onde há menor grau de instrução, riqueza e acesso a informação (leia-se massa de manobra). No entanto, quanto a esse "mistério" nada argumentaste.
    Sim, Dilma venceu pela maioria e sim, Dilma venceu a custa de um povo pobre, sem instrução ou acesso a informação muito provavelmente movidos por bolsas paternalistas que pouco levam em consideração a melhoria de condição de vida desses povo. Votaram porque tiveram acesso a pão e circo. Torço pelo dia que essas políticas se estendam ao nosso Estado também (naturalmente já contando com a precarização da nossa educação e empobrecimento).
    Parabéns, ótimo post!
    (anonimato para não causar polêmicas) ;)

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  2. O óbvio que gente teima em não ver. Exatamente, ganhou porque teve maioria, mas o que vai para a imprensa não é isso. O que tentam imputar é que vivemos em um colegiado eleitoral.
    E por favor, faça as críticas que quiser, argumentaremos, assim é a política, mas não use do anonimato, a Constituição veda.

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