quinta-feira, novembro 4

O real mapa eleitoral brasileiro e a verdadeira polarização (I)

Logo após o fim da apuração do pleito de domingo passado (31/11), portais da internet e programas televisivos começaram a abordar aquela que foi a mais simbólica vitória da esquerda brasileira: Dilma Vana Rousseff, do Partido dos Trabalhadores, acabava de ser eleita a primeira mulher presidente do Brasil em 121 anos de República. Dilma torna-se a 12ª mulher a assumir o cargo máximo de um executivo nacional na América Latina, continente marcado pela entrada das mulheres no mundo político apenas na última década. Em uma eleição extremamente polarizada, em que o candidato da oposição apresentou um debate que por vezes flertava com o fascismo, a nova presidente do Brasil atingia o significativo patamar de 12% de vantagem sobre José Serra, do PSDB.



Paralelamente aos anúncios felicitando a nova presidente, surgiu na internet um mapa que mostrava o desempenho dos dois candidatos estado a estado. Dilma Rousseff ganhou em 15 estados e no Distrito Federal, enquanto José Serra foi o vencedor em 11 deles. O destaque, porém, não era a quantidade de votos obtidos pela petista – 12 milhões a mais que o tucano – ou o expressivo número de estados em que ela liderou. O que a imprensa em sua grande maioria, com destaque para Folha de São Paulo e O Globo, considerava mais importante no resultado das eleições era a divisão demonstrada pelo mapa eleitoral. Ali estava um Brasil rico, educado, de pele clara, que votou em José Serra, e um Brasil pobre, com taxas inferiores de alfabetização e composto em sua maioria de negros e pardos, que elegeu Dilma Rousseff.

Naturalmente – a Teoria Hipodérmica não é mais válida, mas a mídia ainda tem certa força -, surgiram manifestações na internet de pessoas que creditavam ao #nordestisto o resultado da eleição de Dilma. Não vou me ater ao preconceito ignorante existente nisso, o que já foi feito aqui e aqui. Meu foco é desmistificar o falso sistema de colégio eleitoral que tentam estes veículos imputar ao Brasil, além da pretensa polarização Norte x Sul, que se mostra uma falácia. Acompanhe nos próximos posts.

Parte II: O sistema eleitoral colegiado e o voto direto
Parte III: O alcance da imprensa e seus reflexos

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